A Polícia Civil de São Paulo identificou um dos atiradores e um dos mandantes envolvidos no assassinato do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos. Ele foi morto com 10 tiros de fuzil no último dia 8, no terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos. O crime está relacionado a denúncias feitas pelo empresário contra policiais civis supostamente corruptos e integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Oito dias antes de sua execução, Gritzbach apresentou uma denúncia à Corregedoria da Polícia Civil e ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) envolvendo agentes policiais e membros do PCC. Investigações preliminares revelaram que um dos atiradores identificados tem histórico criminal ligado à facção. Ele já cumpriu uma pena de 15 anos e sete meses por tráfico de drogas, roubo a bancos e uso de documentos falsos, além de ter passado por diversas penitenciárias dominadas pelo PCC.O suspeito em questão já esteve preso em unidades como Presidente Venceslau 2, Iaras e Mirandópolis. Em 2006, fugiu do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Valparaíso, onde cumpria pena em regime semiaberto. Em 2013, ele foi recapturado em uma oficina mecânica na zona leste de São Paulo, portando documentos falsos, mas teve sua pena extinta em 2016.Planejamento e execução
Imagens divulgadas pelo SBT Brasil mostraram o atirador caminhando tranquilamente em Guarulhos logo após descer de um ônibus da linha 3235, minutos depois do crime. Ele e um comparsa foram filmados dentro do coletivo, que pegaram a cerca de 6 km do aeroporto. Após descerem do ônibus, os dois se separaram, mas foram resgatados por Kauê do Amaral Coelho, de 29 anos. Kauê estava no saguão do aeroporto e teria informado aos atiradores o momento exato da saída de Gritzbach.
Após o assassinato, os criminosos fugiram em um Gol preto, que apresentou problemas mecânicos e foi abandonado próximo ao aeroporto. O motorista fugiu a pé, deixando as armas em um terreno baldio. Posteriormente, Kauê utilizou um Audi preto para dar suporte na fuga dos atiradores. Tanto o Gol quanto o Audi foram fornecidos por Matheus Augusto de Castro Mota, sócio de Kauê em uma adega. Ambos estão foragidos e tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça.
Informações indicam que Kauê recebeu um Pix de R$ 5 mil de Matheus antes de fugir para o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. No entanto, ele foi expulso do local por traficantes do Comando Vermelho (CV)
Mandante do crime
Além dos executores, a Polícia Civil também identificou um dos mandantes do crime. O homem é membro do PCC, parente de um dos envolvidos no assassinato de Gritzbach, e tem ligações com o narcotraficante Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”. Cara Preta foi morto a tiros em dezembro de 2021, no Tatuapé, zona leste de São Paulo, em um crime que teria sido encomendado por Gritzbach, embora ele sempre tenha negado envolvimento
Gritzbach passou a receber ameaças do PCC após ser acusado de desviar R$ 200 milhões investidos por Cara Preta em criptomoedas. Em janeiro de 2022, o empresário foi sequestrado no Tatuapé, onde sofreu ameaças de mutilação enquanto estava em cativeiro. O mandante do assassinato de Gritzbach também foi apontado como participante desse sequestro.
Ligações internas no PCC
O suposto mandante, além de ser ligado a Cara Preta, teria ocupado um cargo de destaque no tráfico de drogas do PCC, sendo subordinado a Rogério Jeremias de Simone (“Gegê do Mangue”) e Fabiano Alves de Souza (“Paca”), ambos líderes da facção e assassinados em 2018 no Ceará.
A investigação, conduzida pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), continua em andamento, com o objetivo de capturar todos os envolvidos e esclarecer os desdobramentos desse complexo crime.
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